TODOS OS EXOPLANETAS SÃO IGUAIS?

Você sabe se todos os exoplanetas são iguais?

Se você leu o artigo Exoplanetas – Do Passado Ao Presente, sabe que há uma quantidade muito grande de exoplanetas descobertos e de tantos outros candidatos a se tornarem um destes.

Agora…

Como é que os astrônomos profissionais e amadores conseguem afirmar que ao redor de uma estrela existe um ou mais de um planeta?

Assim como existem várias maneiras de resolver um problema de somar ou de diminuir, existem também várias maneiras de descobrir um exoplaneta e existem características distintas entre eles.

Figura 1: Conceito artístico do sistema planetário entre a estrela AU Microscopii e o planeta AU Microscopii b.

UM PASSO DE CADA VEZ

A primeira coisa que eu quero destacar aqui é que para objetivos científicos, em geral os astrônomos não saem mais de suas casas para observar o céu com o telescópio, nem passam a noite inteira expostos a insetos ou ao orvalho.

Na maioria das vezes para este fim, a observação se dá remotamente, controlando telescópios à distância.

E o processamento de dados, chamado também de redução de dados, se faz com softwares que resolvem as informações armazenadas em CCD’s, que são sensores de captação de luz.

Embora eu não tenho dito muita coisa sobre observação remota e CCD’s, já deu pra notar que as análises astronômicas de alta precisão exigem também instrumentação e técnicas mais aprimorados para solução de alguns problemas.

E um destes problemas é justamente encontrar planetas fora do sistema solar.

GRANDES E PEQUENOS

Mesmo que você não tenha um hábito de observar o céu noturno, provavelmente já notou que não vemos muitas coisas das estrelas, a olho nu, a não ser os pontos luminoso no céu.

Se você já observou com um pouco mais de cuidado, deve ter visto que as estrelas podem ter coloração e brilho diferentes umas das outras.

Caso ainda não percebeu, te desafio a fazer um teste: tente notar as diferenças de cor e brilho das estrelas no céu.

Agora, antes de dar o próximo passo, pense um pouco comigo: Se já é difícil notar características simples das estrelas, imagina quão árdua pode ser a busca por exoplanetas!

Fazendo uma comparação rápida entre o Sol e a Terra, a nossa estrela de aproximadamente 4,5 bilhões de anos pode comportar nele mais de 1.300.000 de planetas Terra.¹

Fazendo uma outra comparação, no Sol cabem mais de 984 Júpiteres.

Resumindo, procurar um exoplaneta é complicado pra caramba! – É preciso deixar isso muito claro.

TEM PRA TODOS OS GOSTOS

Assim como no sistema solar, onde nós separamos planetas pela sua composição e os chamamos de terrestres e gasosos, ou considerando a posição deles em relação ao planeta Terra, tendo eles órbitas internas ou externas à nossa, também existem categorias para os exoplanetas que encontramos.²

Aqui estão algumas das várias categorias dadas a eles:

Gigantes Gasosos: Planetas semelhantes a Júpiter e Saturno;

Netunianos: São os que se assemelham a Netuno e a Urano;

Terrestres: Planetas rochosos, de tamanho similares ao tamanho de Mercúrio, Vênus, Terra e Marte. São também ricos em metais;

Mencionei apenas 3, mas existem mais categorias e subcategorias.

TÁ CANSADO DA VIAGEM?

Olha, conversar sobre exoplanetas é muito bacana e eu fico muito feliz compartilhando tudo isso com você porque estamos presenciando os primeiros passos de uma jornada que está apenas começando.

Cada exoplaneta descoberto me faz pensar sobre quão vasto o universo é, quão pequenos nós somos e até onde iremos construir e avançar com a evolução da tecnologia dos nossos tempos.

Penso também que cada exoplaneta que está na chamada zona habitável de uma estrela ascende a chama da possibilidade de vida em outro planeta.

Eu estou doido pra saber se um dia encontraremos vida fora da Terra. Você também está?

E se caso haja interesse em entender um pouco mais sobre o universo, recomendo o meu treinamento de astronomia básica Descobrindo o Cosmos.

REFERÊNCIAS

1.     NASA. SUN / BY THE NUMBERS. Disponível em: <https://solarsystem.nasa.gov/solar-system/sun/by-the-numbers/>. Acesso em: 12 out. 2021. 

 2.   NASA. Kepler All Discoveries / Exoplanets NASA. Disponível em: <https://exoplanets.nasa.gov/eyes-on-exoplanets/#/filter/KeplerAllDiscoveries/>. Acesso em: 14 out. 2021. 

FIGURA

1. NASA. Planeta AU MIC b. Disponível em: <https://exoplanets.nasa.gov/eyes-on-exoplanets/#/planet/AU_Mic_b/>. Acesso em: 14 out. 2021. 

TURISMO ESPACIAL É UMA REALIDADE

A Space X conseguiu mais uma conquista histórica na direção do turismo espacial: concluiu no sábado dia 18 de setembro 2021, a primeira viagem orbital totalmente civil do mundo, com 4 tripulantes: Jared Isaacman, Hayley Arceneaux, Chris Sembroski e Sian Proctor. 

Essa campanha foi oficialmente anunciada no dia 1º de fevereiro de 2021, mas suas propagandas só começaram a circular no dia 7 do mesmo mês.

Os anúncios iniciais passaram em um dos eventos mais assistidos do planeta, o SuperBowl, que é a grande final da NFL, o campeonato da Liga Nacional de Futebol Americano.

 Em outras palavras, um lançamento de marketing em grande estilo.

Figura 1: Chegada da Dragon com seus tripulantes no Oceano Atlântico

MOSTRANDO AS UNHAS

Já no mês de março de 2021, as seleções de tripulação foram anunciadas, começando logo em seguida o treinamento para a viagem épica. O lançamento aconteceu no dia 15 de setembro.¹

Embora o começo deste texto mencione uma conquista histórica, e apenas ela, da companhia Space X, essa viagem do dia 15 de setembro veio para inaugurar várias outras proezas. De acordo com o site oficial da Inspiration 4,¹ entre elas estão:

· A Primeira piloto negra de uma espaçonave, a Dra Sian Proctor;

· A mais jovem americana no espaço, Hayley Arceneaux;

· Primeira pessoa a voar para o espaço com uma prótese, também a Hayley Arceneaux, que sofrera com um câncer nos ossos a partir dos 10 anos de idade;

· Primeiro vôo livre de uma espaçonave Dragon em uma missão espacial humana;

· Primeira descida de uma tripulação da Espaçonave Dragon no Oceano Atlântico.

Um recorde que não está nos bullet points acima e que se refere à distância com que a espaçonave Dragon chegou, diz respeito a uma comparação direta com o Telescópio Espacial Hubble (HST).

A Dragon, que considerando o acoplamento da capsula com o tronco, chega a ter 8,1m de altura e o diâmetro em sua largura máxima de 4m, já tem certa “experiência” com viagens espaciais.

Até então, aconteceram 29 viagens ao todo e em 25 delas o destino foi a Estação Espacial Internacional (ISS), que fica a aproximadamente 420km de altitude.

E a gente pode começar a comparar o recorde estratosférico da Dragon por aqui.

Como você acabou de ver, a ISS orbita o planeta Terra numa altitude de aproximadamente 420km, mas o recorde de voo espacial humano estava com as missões do Hubble, que está numa órbita de cerca de 540km de altitude, 120km mais distante que a ISS.

Já a Dragon alcançou os incríveis 575km de altitude, 35km de altitude a mais que o recorde do HST, algo realmente grandioso.

Figura 2 – Da direita para a esquerda: Chris Sembroski, Sian Proctor, Jared Isaacman e Hayley Arceneaux

ENTENDA ESSA HISTÓRIA

A aplicação de tantos recursos assim para uma missão, testes exaustivos para a nave e para a tripulação, o tempo gasto do começo ao final da campanha, estudos de meteorologia, todo o investimento financeiro feito para tornar esse plane em realidade e tantos outros que se pode mencionar, tem uma razão:

“(…)ambiciosa meta de arrecadação de fundos de Jared [um dos tripulantes] para dar esperança a todas as crianças com câncer e outras doenças fatais.”²

O St. Jude Children’s Research Hospital ou, por tradução livre, o Hospital São Judas de Pesquisa Infantil é um hospital que foi inaugurado no ano de 1962 na cidade de Memphis, no estado do Tennessee, nos Estados Unidos (EUA) com o objetivo de encontrar cura para crianças com doenças de alto índice de mortalidade infantil.

De acordo com o site oficial de arrecadação de donativos para a campanha, os tratamentos desenvolvidos no St. Jude contribuíram para que o percentual de crianças sobreviventes aos mais variados tipos de câncer infantil aumentasse de 20% para gloriosos mais de 80% nos EUA.³

E entre as crianças que passaram pelo St. Jude com surpreendentes histórias de superação está a tripulante Hayley Arceneaux.4

Figura 3 – Festa da “Químio Nunca Mais” da Hayley, em 2002 

Que revira volta fantástica essa que a vida deu!

Inclusive, vou deixar aqui pra você o link da página oficial do St. Jude Children’s ResearchHospital.5

TUDO ISSO É SÓ O COMEÇO

É evidente que, para além do objetivo primário mencionado no texto, essa viagem ao espaço confirma mais uma vez a capacidade de transporte que a Space X conseguiu com o tempo.

O foco da Space X é realmente o turismo espacial, mas há também alguns desejos que por enquanto são periféricos e que podem ganhar importância e relevância daqui pra frente.

Mas isso já é papo para uma outra ocasião.

REFERÊNCIAS

1. 4, I. Inspiration 4/mission. Disponível em: <https://inspiration4.com/mission>. Acesso em: 19 set. 2021.

2. SPACE X. Space X/Launches. Disponível em: <https://www.spacex.com/launches/>. Acesso em: 19 set. 2021.

3. 4, I. Inspiration4/donate. Disponível em: <https://inspiration4.com/donate>. Acesso em: 19 set. 2021.

4. CHARLIER, T. Hayley Arceneaux: Mission of a Lifetime. Disponível em: <https://www.stjude.org/inspire/series/storied-lives/st-jude-cancer-survivor-hayley-arceneaux-hope-inspiration4-worlds-first-all-civilian-space-flight.html>. Acesso em: 19 set. 2021.

5. HOSPITAL, S. J. C. R. St Jude Children’s Research Hospital/inspiration4. Disponível em: <https://www.stjude.org/get-involved/other-ways/inspiration4.html>. Acesso em: 19 set. 2021.

Figuras

Figura 1. 4, I. KENNEDY SPACE CENTER, FL, September 18, 2021. Disponível em: <https://inspiration4.com/press/kennedy-space-center-fl-september-18-2021–after>. Acesso em: 19 set. 2021. 

Figura 2. 4, I. Tripulação Inspiration 4. Disponível em:<https://inspiration4.com/press/inspiration4-crew-will-conduct-health-research-to-further>. Acesso em: 19 set. 2021. 

Figura 3. HOSPITAL, S. J. C. R. Hayley’s No More Chimo Party, 2002. Disponível em: <https://www.stjude.org/inspire/series/storied-lives/st-jude-cancer-survivor-hayley-arceneaux-hope-inspiration4-worlds-first-all-civilian-space-flight.html>. Acesso em: 19 set. 2021. 

O PRIMEIRO PASSEIO A GENTE NUNCA ESQUECE

Você tem o hábito de observar o céu noturno?

“Saturno tem anéis mesmo!”

No dia 13 de agosto de 2021 aconteceu meu primeiro passeio como parte da equipe do Observatório Astronômico (OAU) da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Foi na Queima Cultural dos Homens de Barro no sítio Cores da Terra, em Ibirataia, uma cidadezinha no sul da Bahia, com pouco menos de 15.000 habitantes.

Eu participei juntamente com a Larissa Santos e a Carol Thiara como representantes do OAU no evento. Foi a minha primeira viagem como representante da equipe do OAU.

No fim do ano de 2019 eu participei do “Céu na Praça”, na cidade de Ilhéus. Eu nem considero como uma viagem, já que moro em Itabuna, que fica a 30km dela e frequentemente eu passo por lá.

Preparação Para a Noite

Foi uma noite muito fria, estávamos todos bem agasalhados e a partir das 21h começamos a receber os primeiros curiosos da noite. 

Eu fui responsável pela observação do céu, a Larissa estava lá para apresentar o Sarau das Copas, uma das atividades apresentadas pelo OAU e a Carol estava lá como quebra-galho, pra fazer um pouco de tudo e fazer capturas de momentos com a máquina fotográfica. 

Além da ponteira laser, eu levei também um Maksutov Cassegrain Orion, com a lente objetiva de 127mm, distância focal de 1540mm e razão focal F12, além de uma montagem equatorial EQ3 com o tripé. E nem estou contando com o peso da minha mochila.

Ou seja, estava uma carga muito pesada. 

Cheguei no local do evento, sítio muito bem cuidado e muito bonito, por sinal, e começamos a montar o acampamento.

Recebemos pessoas de várias idades; primeiramente apareceram jovens, em seguida pessoas adultas, geralmente casais com seus filhos, e por último vieram idoso. E nem tínhamos separado por faixa etária.

Era nítida como as pessoas que chegavam sabiam, mesmo que pouca coisa, sobre ciências, física e sobre astronomia, o que me espantou. 

Muitos sabiam diferenciar planetas, como Júpiter de Saturno, Marte de Vênus, com características acertadas. 

Expectativa versus Realidade

O roteiro dessa primeira visita era o seguinte:

  1. Fazia uma breve apresentação do céu, mostrando a constelação do Escorpião que estava bem acima das nossas cabeças, o que eu chamo de “estar de peito aberto”, o Cruzeiro do Sul um pouco baixo no céu e descendo, além dos planetas Júpiter e Saturno e a destacada Via-Láctea, da qual tínhamos uma bela visão naquele espaço escuro do sítio;
  2. Logo em seguida eu fazia uma introdução à observação das luas de Júpiter que Galileu Galilei fez em 1609, descobrindo as que chamamos hoje de as 4 Luas Galileanas: Io, Calisto, Ganimedes e Europa;
  3. Fazíamos a observação de Júpiter e essas luas. Uma coisa interessante foi perceber que havia um movimento, mesmo durante apenas uma noite, das Luas Galileanas. No começo da noite eu conseguia ver apenas 3 delas. Foi muito legal ver que uma dupla de garotas fizeram observação pelo telescópio no início da noite e no fim da observação e elas que no começo só tinham visto 2, antes de irem embora conseguiram ver as 4, o que pra mim foi muito legal;
  4. Por último eu apontava o telescópio para Saturno, o que acabava se tornando o ponto alto da visita. 

No momento em que as pessoas faziam a observação, eu perguntava pra elas o que viam, e a resposta se dividia em dois grupos: Os que respondiam que perceberam os anéis e ficavam admirados e os que ficavam claramente frustrados por não conseguirem identificar bem o que viam ou não conseguiam separar os anéis do planeta.

Para ambas as respostas eu tinha um Plano B, que era justamente trocar a ocular de 20mm e colocar uma de 8mm, que faz com que o campo de visão diminuísse, mas a aproximação aumentasse, aumentando também a imagem do objeto observado. 

Uma virada de jogo

Nesse momento, meus amigos, tanto as pessoas do primeiro grupo de respostas, quanto do segundo abriam aquele sorriso, como quem finalmente aceita as informações que leram ou viram na tv desde a infância e sentiam o alívio de perceber que aquelas imagens de Saturno eram mesmo dele e que não haviam sido enganadas.

Aqui está o ponto onde eu queria chegar. Ouvir de tantas pessoas, desde as crianças aos mais idosos, que Saturno realmente tinha anéis nos mostra o quanto que as pessoas, de modo geral, desconhecem o universo.

Isso se tratando tanto da nossa vizinhança ou se falamos nos mais distantes pontos que podemos enxergar do cosmos.

E é preciso lembrar que nem todo mundo vai querer ser Físico, Astrônomo. Nem todo mundo tem vocação para carreira acadêmica. E está tudo bem com isso.

Mas, é certo que, de maneira geral, as pessoas não tem contato com telescópios, com simuladores do céu, com monitoradores de satélites artificiais ou qualquer coisa do tipo. 

Essa falta de contato, que muitas vezes se dá pela falta de acesso ou por não saber onde procurar faz com que as pessoas passem suas vidas sem saberem coisas simples ao seu redor, como os pontos cardeais ou a distância e as dimensões da Lua.

Às vezes as pessoas não sabem explicar nem mesmo sabem como se dão as fases da Lua.

Por isso que é importante pegar o telescópio, levar até as praças, levas às escolas, chamar os amigos, a família, alguma turma da escola do bairro e conversar sobre os planetas.

Vale a pena mencionar sobre as estrelas, constelações, sobre o mundo à nossa volta e percebermos o movimento, a beleza e a elegância do céu.

Conclusão

Estamos em tempos difíceis.

A pandemia da Covid-19 tem assolado ainda o povo brasileiro e algumas restrições precisam ser obedecidas.

Os cuidados continuam sendo necessários para que erradiquemos de uma vez esse vírus maldito à medida que a vacinação avança no país.

Saiba que, mesmo dentro de nossas casas, das janelas e mesmo em apartamentos, é possível acompanhar o céu noturno. Existem muitos simuladores gratuitos e fáceis de manusear.

Menciono aqui o Stellarium, o In The Sky, Heavens-Above, Sky Safary, o Star Walk 2, Celestia (estes 3 últimos para mobile). 

Basta a menor dose de curiosidade com um pouco empenho e te garanto que você vai aprender tantas coisas sobre o universo que jamais imaginou que você fosse aprender.

Me acompanhe por aqui, a ideia é de tornar os textos no blog cada vez mais frequentes.

Até mais. 

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