“Um asteroide com potencial para extinção global e que estava em rota de colisão com a Terra, dentro de 6 meses, foi atingido por um artefato lançado para mudar seu caminho natural, alterou sua direção e graças a isso todas as formas de vida no planeta foram salvas dessa catástrofe global.”
A frase acima é falsa hoje, mas pode se tornar uma notícia verdadeira no futuro. Tudo isso graças a uma novidade que foi anunciada em setembro de 2022.
A Missão DART da NASA conseguiu realizar um objetivo gigante: Atingir e alterar a órbita de um asteroide no espaço.
Uma conquista histórica!
QUE HISTÓRIA DE COLISÃO COM ASTEROIDE É ESSA, CARA?
Não é de hoje que a humanidade reflete sobre a possibilidade de toda a vida na Terra se extinguir graças a uma colisão entre um grande objeto cósmico e o nosso Pálido Ponto Azul.
O fato é que isso sempre nos preocupou.
E o primeiro passo na direção ter essa preocupação a menos foi concluído em 26 de setembro de 2022, às 18h14min pelo horário de Brasília.
Agora, se você acha que o início se deu no mês passado (estou escrevendo esse artigo em outubro de 2022), você está muito enganado.
DE ONDE VEM O PROJETO?
A NASA, percebendo a importância de desenvolver um projeto voltado direta e unicamente para prevenir futuras colisões de corpos cósmicos com a Terra, criou o PDCO.
PDCO é a sigla em inglês para o Gabinete (ou Escritório) de Coordenação de Defesa Planetária da NASA.
É do PDCO a responsabilidade de planejar, desenvolver e executar a Missão DART.
A palavra “DART” também é uma sigla em inglês para o Teste de Redirecionamento de uma Dupla de Asteroides.
Ps: Essa é uma tradução livre, releve.
Em 2021, às 03h21min da madrugada de 21 de novembro, aconteceu o esperado lançamento da missão DART, levado ao espaço pelo famoso, e tão aclamado, Falcon 9, a partir da Base da Força Espacial Vandenberg, na Califórnia.
Uma peça no quebra-cabeça
Falando em Falcon 9, impossível esquecer que bilionários como Jeff Bezos e Elon Musk investem em tecnologias aeroespaciais para turismo espacial.
Fiz um texto sobre turismo espacial, se quiser pode ler clicando aqui: “Turismo Espacial é uma Realidade”.
Está escancarada também a importância que o investimento em ciência e tecnologia podem gerar para tempos depois, de formas inimagináveis num primeiro momento.
Até a SpaceX surgir no mercado como uma alternativa no comércio aeroespacial, era inimaginável pensar na reutilização de foguetes.
Atualmente, esse projeto precursor no segmento de proteção à ameaças cósmicas desfrutou, inclusive financeiramente, do aluguel do Falcon 9.
O fato é que mesmo com essa nova modalidade turística em expansão, a preocupação com uma colisão cósmica sempre aparece.
Por essas e outras, não é difícil lembrar de uma notícia dessa aflorando na grande mídia.
Na maioria das vezes em que essas notícias emergem, se tratam de um baita clickbait. Quando a pessoa vai ler o texto, descobre que o impacto não passou nem perto de acontecer.
Passou longe por muito!
Várias produções cinematográficas como os filmes Impacto Profundo e Não Olhe Para Cima e a série Salvation trazem à tona a fragilidade da segurança espacial em relação a estas ameaças.
E infelizmente estamos realmente desprotegidos e despreparados para agir de maneira eficaz nessas circunstâncias tão extremas.
No filme Vingadores: Ultimato, uma frase dita pelo Tony Stark, interpretado pelo ator Robert Downey Jr, revela um pouco da nossa relação com ameaças cósmicas:
“Por isso somos Os Vingadores, né, e não Os Precavidos”
Tirei a frase do contexto do filme, mas ela se encaixa muito bem no papo que tenho com você agora, principalmente para mostrar que a preocupação com esse tipo de colisão precisa ser, antes de tudo, um ato de precaução, e não um ato de remediação.
Talvez não haja remédio capaz de curar feridas advindas dessas causas.
CARACTERIZANDO O ALVO
O alvo da missão é na verdade uma dupla de asteroides.
Essa dupla é composta por Didymos, um corpo celeste de 780m de diâmetro, e Dimorphos, a lua de Didymos, que tem cerca de 160m de diâmetro.
O maior é classificado como um asteroide rochoso do tipo S. Características típicas da maioria dos asteroides conhecidos atualmente.
Já o menor tem classificação desconhecida.
Pelo diâmetro e características da superfície apresentados em imagens e vídeos da colisão, é correto afirmar que Dimorphos poderia causar danos relativamente pequenos, embora não negligenciáveis, numa colisão hipotética com a Terra.
Recomendo muito que você veja esse vídeo aqui, que mostra a aproximação da DART ao asteroide impactado.
De acordo com os dados levantados antes do impacto, Dimorphos orbitava Didymos num período de 11h55min a uma distância média de 1,18km.
O sistema fez sua maior aproximação recente com a Terra entre os meses de setembro e outubro deste ano (2022), a uma distância aproximada de 10 MILHÕES de Km.
Se você não tem uma noção de distância dessas magnitudes, lembre-se de que a distância média entre a Terra e a Lua atualmente está em cerca 385 Mil Km.
Ou seja, estamos falando de uma distância quase que 26 vezes maior que a distância entre a Lua e nós!
Preciso te dizer que Didymos e Dimorphos não estão em rota de colisão com a Terra e este foi um dos fatores decisivos na hora de escolhê-los como alvo da missão.
Era preciso garantir que o experimento fosse feito o mais longe possível do nosso planeta, para que se algo desse errado, nenhuma consequência grave chegasse à Terra.
E também que o experimento acontecesse perto o suficiente para que detalhes fossem observados.
E QUE FIM TEVE ESSE ASTEROIDE?
Para sabermos avaliar como foi o fim, é preciso compararmos com os objetivos do começo.
Os objetivos da missão eram:
- Atingir um asteroide em movimento no espaço;
- Causar um ajuste de velocidade e órbita de Dymorphos, diminuindo o raio em pelo menos 1% e o tempo de órbita em 73 segundos;
Vale lembrar que o alvo vem sendo estudado desde o ano de 2003.
No começo, a NASA tinha isso no papel.
Em 2022, quase 20 anos depois, temos várias leituras, imagens e vídeos que atestam não apenas a colisão que foi programada, como também o ajuste de órbita causado.
De acordo com astrônomos envolvidos no projeto, o período orbital de Dymorphos ao redor de Didymos, diminuiu em aproximadamente 32min.
Como falei no bloco anterior, a órbita era de 11h55min.
Depois da colisão, a órbita passou a ser de 11h32min, de acordo com os cientistas.
Essa alteração foi cerca de 25 vezes maior do que a esperada.
UM GRANDE VOO PARA A HUMANIDADE
Diante do sucesso do projeto, um novo horizonte na direção das ideias de proteção planetária se abre.
A humanidade já é capaz de monitorar, mirar e acertar um objeto de 160m de diâmetro a mais de 10.000.000 de Km de distância de nós!
O Centro de Estudos de Objetos Próximos da Terra, uma tradução em português para o que significa a sigla CNEOS, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) – NASA, tem um site especializado em informar sobre asteroides e situação de aproximação.
Não demora muito pra perceber que os asteroides que mais oferecem riscos de colisão tem chances exageradamente baixas de realmente chegarem a um choque com a Terra.
Desafio você a clicar aqui e conferir.
Te garanto que esse foi apenas um pequeno episódio da saga de caça aos asteroides perigosos que temos pela frente.
Já aproveito aqui pra te dizer, que se você quiser se manter bem informado com conteúdo de qualidade sobre astronomia, astronáutica e afins, nos acompanhe em nossas redes sociais.
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